terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Fim de Carreira!

A notícia mais comentada do dia (e será durante toda a semana) é a aposentadoria do jogador de futebol Ronaldo. Alegando lesões múltiplas e recorrentes, com dores, era previsível ser uma questão de (pouco) tempo para que suspendesse sua carreira. 

Porém, o que mais despertou interesse foi a divulgação de ser portador de hipotireoidismo. Sempre criticado e motivo de piadas, o peso do jogador, nos últimos anos, foi considerado o fator preponderante quanto ao seu desempenho aquém de suas temporadas européias. 

Para quem desconhece a doença, o hipotireoidismo é uma diminuição da produção do hormônio da tiróide, uma glândula considerada regulador metabólico e de temperatura. Por isso, acarreta cansaço, retenção de líquidos, fragilidade das unhas, depressão, excesso de peso e intolerância ao frio, dentre outros sintomas. É como se uma máquina trabalhasse abaixo da sua capacidade e, portanto, a linha de produção anterior ficasse sobrecarregada, lenta.

Um simples exame de sangue é capaz de dosar  THS, T4 livre e T3, e o médico avaliar a melhor dosagem do medicamento (a levotiroxina, similar ao hormônio produzido no organismo). Estes exames são repetidos a cada 4 meses, para que se possa acompanhar qualquer pequena alteração e fazer o ajuste da dose o quanto antes. Porém, muitas vezes, os pacientes relatam sintomas referentes ao hipotireoidismo e o exame não demonstra variações: pode ser uma condição subclínica, ou seja, os sintomas ocorrem antes da diminuição do hormônio no sangue.

Uma das causas é autoimune (quando o corpo produz anticorpos contra si), chamado de tireoidite de Hashimoto. Alguns estudos começam a relacionar o aparecimento dessa defesa com a alergia ao glúten.

Outra possibilidade é a utilização irregular de diversos produtos para emagrecimento, com os quais consumidores podem desenvolver a doença pelo uso do hormônio sem necessidade. Isso porque a glândula achará desnecessário produzir o hormônio, que já estará na corrente sanguínea. Mais uma vez, quem busca resultado rápido pode ter mais riscos do que benefícios. 

A única observação que faço às notícias vinculadas ao assunto hoje é o fato do jogador Ronaldo alegar que não poder fazer o tratamento por ser considerado "doping" (quando o atleta faz consumo de substâncias para melhorar rendimento esportivo). Gostaria de saber quem foi o (ir)responsável por essa informação, pois a medicação necessária não consta dentre a lista do Wada (agência controladora de antidoping). Mesmo que fosse, seria semelhante ao caso de atletas diabéticos, que devem fazer uso de insulina quando indicado, mas  é um hormônio também considerado anabolizante: uma solicitação especial e de exceção é avaliada. Lembro que o hipotireoidismo é uma condição clínica, uma necessidade de reposição de um hormônio que o organismo está produzindo em baixa quantidade e, sem tratamento durante 4 anos (tempo entre a descoberta da doença e agora o provável início de medicação), compromete mais a saúde como um todo, como doenças cardiovasculares, a maior causa de morte no mundo.  

O corpo é uma máquina perfeita e, qualquer pequena desregulagem pode levar a danos cada vez maiores.

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